“Os homens estão em decadência.”


Fonte:   https://ocontraditorio.com/ladodireitodaequidade/pesquisas/eua-pesquisas/homens-estao-decadencia/  

— Dr. Philip Zimbardo, Depto de Psicologia, Universidade de Stanford, 2011.

Hoje, eu quero que reflitamos sobre o fim dos rapazes. Os rapazes estão a falhar academicamente, estão a falhar socialmente com as raparigas e sexualmente com as mulheres. Tirando isso, não há grandes problemas. (Risos) Os dados sobre a desistência académica são espantosos. Os rapazes têm uma probabilidade 30% superior à das raparigas de desistir da escola. No Canadá, cinco rapazes desistem para cada três raparigas. As raparigas agora batem os rapazes em qualquer nível, desde a escola primária até à universidade. Há um diferencial de 10% entre obter um bacharelato e todos os programas universitários, em que os rapazes ficam para trás das raparigas. Dois terços dos estudantes em programas especiais de ensino, são rapazes. E como todos sabem, os rapazes há cinco vezes mais rapazes do que raparigas a sofrerem de distúrbio de défice de atenção e como tal a serem medicados com Ritalina.

Porquê o fracasso para com as raparigas? Primeiro, é um novo medo da intimidade. Intimidade significa ligação física e emocional com outra pessoa e principalmente com alguém do sexo oposto que passa sinais ambíguos, contraditórios e fosforescentes. (Risos) Todos os anos há estudos de investigaçãosobre a timidez declarada entre estudantes universitários. Assistimos a um aumento constante entre os rapazes que é de dois tipos. É uma estranheza social. A antiga timidez era um medo de rejeição. Uma estranheza social como se fossem estranhos numa terra estrangeira. Não sabem o que dizer nem o que fazer, principalmente na situação de um para um com o sexo oposto. Não conhecem a linguagem de contacto facial, o conjunto de regras verbais e não verbais que nos permitem falar confortavelmente com outra pessoa, ouvir outra pessoa.

Há uma coisa chamada síndroma da intensidade social, que tenta perceber o motivo por que os rapazes preferem a ligação masculina à relação feminina. Acontece que, desde a mais tenra infância, os rapazes, e depois homens, preferem a companhia dos rapazes, a companhia física. E há uma estimulação cortical que estamos a analisar, porque os rapazes têm estado com rapazes em equipas, clubes, gangues, fraternidades, principalmente na tropa… e depois em bares. Isto atinge o ponto máximo no domingo da Super Taça quando os rapazes se reúnem num bar com estranhos, a ver Aaron Rodgers dos Green Bay Packers totalmente vestido, em vez de uma Jennifer Lopez completamente nua, no quarto. O problema é que eles agora preferem o mundo assíncrono da Internet à interação espontânea das relações sociais.

Quais são as causas? É uma consequência não intencional. Eu julgo que é uma utilização excessiva da Internet, demasiados jogos de vídeo, demasiado acesso à pornografia. O problema é que estes são vícios de estímulo. No vício da droga, quer-se simplesmente mais. No vício de estímulo, quer-se diferente. Drogas, quer-se mais do mesmo – diferente. Então é preciso ter novidade para manter o estímulo.

E o problema é que a indústria está a fornecê-la. A Jane McGonigal disse-nos no ano passado que, quando um rapaz tem à volta de 21 anos, já jogou 10 000 horas de jogos de vídeo, na sua maioria, isolado. Como se lembram, a Cindy Gallop disse que os homens não sabem a diferença entre fazer amor e fazer pornografia. Um rapaz, em média, assiste a 50 vídeos pornográficos por semana. E, obviamente, há um tipo a ver cem. (Risos) A indústria pornográfica é a que cresce mais rapidamente nos EUA – são 15 mil milhões por ano. Por cada 400 filmes feitos em Hollywood, há 11 000 vídeos pornográficos.

Então o efeito, muito rapidamente, é que este é um novo tipo de estímulo. O cérebro dos rapazes estão a ser digitalmente ligados de uma maneira nova para mudança, novidade, entusiasmo e estímulo constante. Eles estão totalmente fora de sintonia com as classes tradicionais, analógicas, estáticas, passivas. Estão também totalmente dessintonizados com as relações românticas, que se constroem gradual e subtilmente.

Então qual é a solução? Isso não é comigo. Eu estou aqui para alertar. Encontrar a solução é convosco.

Quem deve preocupar-se? As únicas pessoas que devem preocupar-se com isto são os pais dos rapazes e raparigas, educadores, jogadores, realizadores e mulheres que gostam de um verdadeiro homem com quem possam falar, que saiba dançar, que saiba fazer amor devagar e contribuir para as pressões evolutivas para manter a nossa espécie acima das lesmas, sem ofensa para as lesmas da banana. Obrigado.

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