das agressões entre jovens namorados são cometidas por mulheres


Fonte:   https://ocontraditorio.com/ladodireitodaequidade/pesquisas/brasil-pesquisas/agressoes-jovens-namorados-cometidas-mulheres/  

— Fundação Oswaldo Cruz, 2011.

É provável que parte da violência esteja ligada à mudança no papel feminino. Um levantamento com 320 adolescentes entre 10 e 19 anos, feito pelo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sugere que 22% das meninas atendidas têm comportamento violento contra outras pessoas (sejam meninos, amigas, pais ou professores). Esse padrão só aparece em 12% dos meninos. “Parece que, ano a ano, a agressividade entre as meninas aumenta”, afirma a socióloga Miriam Abramovay.

Num estudo coordenado por ela com 13 mil estudantes de cinco capitais brasileiras, 10% das meninas afirmaram já ter batido em alguém na escola. Segundo Miriam, para conseguir o mesmostatus de liderança conferido aos homens, as meninas decidiram usar as mesmas táticas: se impor pela força. Inclusive entre elas. “A imagem de feminilidade tradicional não é mais aceita pela sociedade. As meninas competem com os meninos em tudo, no mercado de trabalho, no vestibular, na atenção de outros amigos.”

“Os garotos estão apanhando direto. Estão acuados. Como eles são mais fortes, têm medo de revidar e ficam quietos”, diz a jovem G.F., de 18 anos.”

Fundação Oswaldo Cruz: das agressões entre jovens namorados no Brasil são cometidas por moças exemplo doméstico é considerado uma das principais causas da violência no namoro adolescente. Na pesquisa do Claves, os agressores tinham 2,6 vezes mais chances de viver em ambiente violento. De acordo com o psicólogo canadense Albert Bandura, professor da Universidade Stanford e criador da teoria da aprendizagem social, os seres humanos aprendem pela imitação. Por isso, o adolescente agressor de hoje pode ter assimilado modelos de violência no relacionamento entre os pais. Quando ele se vê em papel semelhante, reproduz o mesmo padrão de comportamento. “A criança passa a confundir violência com cuidado”, diz a psicóloga Vivien Bonafer Ponzoni, coordenadora do Núcleo de Família e Casal da Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama, em São Paulo. A formação da personalidade também é abalada pelas experiências da infância. Isso pode tornar o jovem mais propenso a repetir esse tipo de comportamento. Como as relações familiares influenciam nossa capacidade de regular emoções, as pessoas que viveram em ambientes agressivos tendem a ter dificuldade de controlar impulsos, instabilidade emocional e insegurança nas relações afetivas.

A professora gaúcha Ana L.F., de 55 anos, diz que sua relação com o marido influenciou sua filha, hoje com 30 anos. “Amo errado desde sempre”, diz Ana. Ela agrediu pela primeira vez um namorado aos 14 anos, quando flagrou uma traição. O comportamento se repetiu durante o namoro, o noivado e o casamento com o ex-marido, pai de seus filhos. “Nossos dois filhos presenciaram vários episódios em que nos xingávamos. Tanto que criei um monstrinho. Minha filha repete meu comportamento violento e ciumento desde os 13 anos”, afirma. …

O melhor caminho para pacificar essas relações é a educação. A tarefa começa com os pais. “O que pode ou não fazer em um namoro é uma questão moral, e o exemplo vem de casa”, afirma a psicóloga Teresa Helena Schoen, da Unifesp.”

— Nathalia Ziemkiewicz, Martha Mendonça e Camila Guimarães, “Elas batem. Eles apanham.”, Revista Época, 2011. http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2011/10/elas-batem-eles-apanham.html

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