mais homens se suicidaram em 2009 por causa da crise econômica


Fonte:   https://ocontraditorio.com/ladodireitodaequidade/pesquisas/inglaterra-pesquisas/homens-suicidaram-2009-causa-crise-economica/  

— Dr. David Stuckler (Depto de Sociologia, Universidade de Oxford), Paul Yip (Centro de Estudo e Prevenção do Suicídio, Universidade de Hong Kong), Dr. Shu-Sen Chang e Dr. David Gunnell (Faculdade de Medicina Social e Comunitária, Universidade de Bristol), 2013.


A recente crise econômica seria uma das causas para o aumento na taxa de suicídio na Europa e nas Américas, informa um novo levantamento.
A pesquisa, publicada na publicação científica British Medical Journal, analisou dados de 54 países para estimar o impacto global de problemas financeiros decorrentes da crise econômica global iniciada com o colapso do crédito e dos mercados imobiliários nos Estados Unidos em 2008.

Um ano após o início da crise, a taxa de suicídio entre os homens aumentou em média cerca de 3,3%.

A elevação foi maior nos países que mais perderam empregos.

Economia instável

Pesquisadores das Universidades de Oxford e Bristol, na Grã-Bretanha, junto com colegas da Universidade de Hong Kong, usaram dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Centro de Controle de Doenças e Prevenção e do Panorama Econômico Global do FMI para realizar o estudo.

Em 2009, houve um aumento de 37% no desemprego e uma queda de 3% no PIB (Produto Interno Bruto, a soma de bens e serviços produzidos por um país) per capita, um reflexo da crise econômica do ano anterior.

Concomitantemente, as taxas de suicídio entre os homens começaram a aumentar.

Naquele ano, houve 5 mil suicídios a mais do que o número esperado.

O aumento foi verificado nos 27 países europeus e nos 18 países das Américas estudados.

Na Europa, os suicídios aumentaram mais entre os homens de 15 a 24 anos, enquanto que nas Américas a alta foi maior entre o grupo de 45 a 64 anos.

Por outro lado, a taxa de suicídio entre as mulheres não mudou na Europa e registrou um pequeno aumento nas Américas.

Os pesquisadores veem a relação entre o estresse emocional da recessão e o ato de tirar a própria vida como uma provável relação de causa e efeito, mas não puderam comprová-la.

Eles acrescentam que a alta de suicídios também pode estar ligada a outros fatores, mas ONGs de apoio à saúde mental afirmam que sua própria experiência endossa a teoria dos pesquisadores.

Um porta-voz da Samaritans, ONG britânica que dá apoio emocional a potenciais suicidas, afirmou: “Não é surpresa para nós que as taxas de suicídios aumentam em recessões”.

“Um levantamento das chamadas telefônicas feitas aos nossos escritórios em 2008, antes de o início da crise, mostrou que uma em cada 10 pessoas falava sobre dificuldades financeiras. Essa mesma proporção caiu de um para seis no final do ano passado. Claramente, esse é um fator que o governo precisa levar em conta quando ocorrem crises econômicas.”

Um porta-voz da ONG Mind afirmou que a entidade também vem recebendo mais telefonemas de pessoas angustiadas com falta de dinheiro e desemprego.

A ONG britânica Papyrus (Prevenção para Jovens Suicidas, na sigla em inglês) informou que, embora não pudesse correlacionar o aumento no número de telefonemas de jovens buscando auxílio emocional para não cometer suicídio à crise econômica, a dificuldade em conseguir trabalho, administrar as finanças e as dívidas estudantis haviam sido temas recorrentes nas ligações.

— BBC, “Estudo liga aumento de suicídios à crise global”, 18.09.2013. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130918_crise_economica_suicidio_lgb

“Houve um (intervalo de confiança de 95% 3907-5860) 4884 estimada suicídios em excesso em 2009 em comparação com o número esperado com base nas tendências anteriores (2000-07). Os aumentos de suicídio ocorreu principalmente em homens dos 27 europeus e 18 países da América; as taxas de suicídio foram de 4,2% (3,4% a 5,1%) e 6,4% (5,4% a 7,5%) superior, respectivamente, em 2009, que se espera, se as tendências anteriores tinham continuado. Para as mulheres, não houve mudança nos países europeus e do aumento nas Américas foi menor do que nos homens (2,3%). Sobe em homens europeus eram maiores entre aqueles com idade 15-24 anos (11,7%), enquanto nos homens dos países americanos com idades entre 45-64 mostrou o maior aumento (5,2%). Aumentos nas taxas de suicídio nacionais em homens parece estar associada com a magnitude dos aumentos do desemprego, em particular nos países com baixos níveis de desemprego antes da crise (rs de Spearman = 0,48). Após a crise econômica de 2008, as taxas de suicídio aumentaram nos países europeus e americanos estudados, particularmente em homens e em países com níveis mais elevados de perda de emprego.”

“There were an estimated 4884 (95% confidence interval 3907 to 5860) excess suicides in 2009 compared with the number expected based on previous trends (2000-07). The increases in suicide mainly occurred in men in the 27 European and 18 American countries; the suicide rates were 4.2% (3.4% to 5.1%) and 6.4% (5.4% to 7.5%) higher, respectively, in 2009 than expected if earlier trends had continued. For women, there was no change in European countries and the increase in the Americas was smaller than in men (2.3%). Rises in European men were highest in those aged 15-24 (11.7%), while in American countries men aged 45-64 showed the largest increase (5.2%). Rises in national suicide rates in men seemed to be associated with the magnitude of increases in unemployment, particularly in countries with low levels of unemployment before the crisis (Spearman’s rs=0.48). After the 2008 economic crisis, rates of suicide increased in the European and American countries studied, particularly in men and in countries with higher levels of job loss.”

— Shu-Sen Chang, David Stuckler, Paul Yip e David Gunnell, “Impact of 2008 global economic crisis on suicide: time trend study in 54 countries”, British Medical Journal, 17.09.2013. http://www.bmj.com/content/347/bmj.f5239

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