Griselda Blanco – The Godmother


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– Colômbia, 2012.

Griselda Blanco teve vários apelidos: The Godmother (A Madrinha), Rainha da Cocaína, Viúva Negra. Independente da atividade que exerceu, é indiscutível que deixou sua vida gravada na histórica do Sul da Florida.

As autoridades afirmam que ela importou milhares de quilos de cocaína para o Sul da Florida, nos anos 70 e 80, matando qualquer um que se pusesse em seu caminho. Recentemente a televisão americana CBS entrevistou o homem que conseguiu abatê-la. O agente Robert Palombo, da Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos, passou onze anos de sua vida perseguindo um fantasma. “Não desejo a morte de ninguém, mas, se alguém a merecia por castigo… era ela”, ele falou ao repórter David Sutta da CBS.

No dia em que se comemora o trabalho, deste ano, Griselda, aos 69 anos, foi assassinada num açougue na Colômbia. Viveu mais do que se poderia supor. Escapou de sentenças de prisão perpétua, da cadeira elétrica e de dezenas de traficantes seus inimigos, ansiosos por matá-la.

Em 1983, enquanto na série de TV Miami Vice os personagens Crockett e Tubbs estavam liquidando os traficantes, a realidade era muito diferente: o comércio de drogas estava aumentando. “Nós estávamos em menor número e menos armados” – disse Palombo.

Palombo começara sua carreira em Nova York. Parecia sempre gravitar em torno de casos de drogas colombianas. Foi, sem prévio aviso, transferido para as forças do Sul da Flórida, que combatia crimes semelhantes. Era um comércio sangrento. “A violência era o tema principal”, Palombo afirmou. “Era como se a distribuição de cocaína fosse um subproduto da violência e não o contrário”.

Depois de um tiroteio do Shopping Center de Dadeland, que deixou um saldo de duas mortes, as autoridades descobriram um caminhão blindado com aço, sob o disfarce de transporte de materiais para festas alugados (Happy Time Complete Party Rentals), carregado de armas. Palombo não fazia ideia que tudo estava ligado a Griselda Blanco.

“Griselda nunca se expunha. Seu nome era mencionado, mas nunca havia sido vista de fato por nenhum de nós” – explicou Palombo. Ele tinha efetivamente perseguido o fantasma de Griselda desde 1974, num caso de drogas em Nova York. Ela desapareceu e ele presumiu que tivesse ido viver na Colômbia. Foi por mero acaso que ele cruzou seu caminho através de uma dica, em Miami. Seu parceiro estava em serviço, quando recebeu um telefonema.

“Aconteceu de ele atender o chamado de uma mulher, nascida em Miami, que reclamava que sua filha estava encontrando-se com um hispânico do submundo, que tudo indicava estar envolvido com alguma atividade ilegal, tipo drogas”, Palombo recordou-se. Uber Blanco era esse marginal, um dos quatro filhos de Griselda. Ele vivia luxuosamente em Turnberry Isle. Com a ajuda de um colombiano preso em Oklahoma que tornou-se informante, Palombo conseguiu aproximar-se da família de Blanco. Cada um deles propagava aos quatro ventos, e ao informante, quão importantes se consideravam. As conversas começaram a ser gravadas, através de um dispositivo escondido numa maleta de mão.

Uber contou como ele e seus irmãos estavam tocando os negócios da mãe. Transportavam quantidades imensas de cocaína na Costa Oeste e em Miami. A mãe já estava “meio aposentada”. A investigação prosseguia – o informante transferia pequenos montantes de dinheiro para os irmãos Blanco: quarenta mil dólares de uma feita, cinquenta mil de outra… O Departamento de Polícia estava constituindo provas contra a irmandade quando surgiu uma grande oportunidade. “Do nada, o informante recebeu um chamado da própria Griselda – Palombo contou. Ele ficou chocado, nervosíssimo”.

O agente combinou que o informante deveria marcar um encontro com a Godmother, na Califórnia, onde ela se encontrava naquela altura dos acontecimentos. Palombo guarda na memória a primeira vez que a viu, entrando no lobby do hotel Newport Beach Marriot:

“Quando ela se virou e passou por nós, na primeira mirada pudemos ver as covinhas das faces e do queixo – meu parceiro e eu cruzamos os olhares e tivemos certeza de que era ela mesma.”

Ao fim da reunião, a Viúva Negra deixara quinhentos mil dólares para serem transferidos para o Panamá. Através do cagoete colombiano, o DEA começou a lavar o dinheiro para Griselda. Movimentaram milhões de dólares para ela, e ao mesmo tempo tomavam conhecimento das suas ordens de violência. Ninguém sabe o número exato de cúmplices que ela liquidou. “Na verdade, pouco importa se foram cinquenta ou cem – pondera Palombo, pelas minhas contas diria que, sem extrapolar, foram de 75 a cem”.

O “relacionamento” entre Griselda e o Departamento teve um fim abrupto quando foram solicitadas drogas nas transações. Um mal entendido fez com que os contatos se rompessem do dia para a noite.

–  Maria Eugenia Cerqueira, “Griselda Blanco – The Godmother”, Amantes da Vida, 12.2012. http://www.amantesdavida.com.br/griselda-blanco-the-godmother/

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