Sem provas, professor no ES é acusado de estuprar 13 alunos e condenado a 22 anos


Fonte:   https://7uvw.xyz/ladodireitodaequidade/brasil-noticias/provas-professor-acusado-estuprar-13-alunos-condenado-22/  

– Brasil, 2013.

Por três votos a zero, a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença de condenação de um professor de Educação Física acusado de abuso sexual de 13 crianças numa escola particular de Vila Velha. O homem, então com 28 anos, havia sido condenado a 22 anos e seis meses de prisão, em outubro do ano passado, mas, por força de um habeas-corpus, respondia ao processo em liberdade.

Os votos que o beneficiaram foram dados pelos desembargadores Catharina Barcellos – que atuou como relatora no processo –, Ney Coutinho – o revisor – e Sérgio Bizzotto.

A decisão dos desembargadores foi baseada no fato de, segundo os três, não existirem provas suficientes nos autos que sustentassem a condenação do professor, o que o torna um homem livre.

“Fantasiosa”

Para o advogado do professor, Francisco Herkenhoff, os votos dos desembargadores são resultado de “uma apreciação detalhada” do processo. “A acusação foi um engano o tempo inteiro; não tinha cabimento. A história era absolutamente fantasiosa”, diz Herkenhoff.

Na sua avaliação, como retrata interpretação de fatos ligados a provas, não cabe rediscussão nos tribunais superiores – Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

Leia a carta da escola endereçada aos pais

Indignação

Na avaliação do advogado Christiano Dias Lopes Neto, que atua como assistente da acusação no processo, representando as crianças, a decisão foi “um absurdo”.

Christiano Dias Lopes Neto admite que nunca imaginou que tal fato acontecesse, embora respeite a decisão dos magistrados. Para ele, as provas foram todas reunidas no processo, e “evidenciam a culpa do professor”, que em 2011, quando os relatos de abuso foram feitos, chegou a ser afastado do seu cargo pela direção da escola.

Sobre a possibilidade de os pais das crianças recorrerem da decisão da primeira Câmara Criminal, Francisco Herkenhoff disse que ainda precisaria ouvi-los.

“Ainda estamos sob impacto da decisão”, disse o advogado, momentos após sessão da Primeira Câmara Criminal, no TJ. “Vamos analisar em conjunto se tocaremos a ação em frente ou se será melhor que cada uma das famílias retome sua vida, depois de um processo tão desgastante”.
Um dos pais das crianças – não identificado para proteger a identidade delas –, porém, disse que sua decisão é pelo recurso judicial.

Dirigente do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público Estadual, o procurador Sócrates de Souza também disse que vai aguardar a publicação do acórdão – com os votos dos desembargadores – e ouvirá o assistente de acusação, que representa as crianças, para analisar o caso, mas admitiu, que, “em princípio, o MP deve recorrer”.

Decisão provoca sentimento de “luto” entre pais de crianças

Revolta e “sensação de luto” foi o que descreveu um dos pais das 13 crianças que denunciaram o professor por abuso sexual, após a decisão dos desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, ontem à tarde.

“Hoje morreu aquela em quem eu mais acreditava, a Justiça. Chorei muito a morte dela, mas depois me acalmei, pois lembrei que existe Deus para confortar meu coração e que ele me trará a Justiça de volta. A Justiça feita por Ele, da forma dEle”, disse o homem, que desde 2011 “travou” uma verdadeira batalha pela condenação do professor, que dava aula para as crianças, na faixa de 3 a 5 anos.

Num texto em forma de desabafo, o homem afirmou que os votos dos desembargadores, inocentando o professor que já havia sido condenado, em primeira instância, a 22 anos e seis meses, provocaram nele e nos demais pais sentimentos de “impunidade, indignação, revolta, tristeza, decepção e poder”.

“Fomos injustiçadas pelo sistema composto de interesses, conveniências, troca de favores, e que é, sobretudo, cego”, afirma o pai, para quem, “as crianças foram injustiçadas, caluniadas, e o pior, por quem deveria defende-las, protegê-las”.

“Eu vivo o pior dos pesadelos”, disse professor quando foi preso

O professor de uma escola particular de Vila velha, acusado de abuso sexual de 13 crianças, permaneceu preso, no ano passado, entre março e novembro, quando saiu sua condenação. E, ainda quando estava em um presídio da Grande Vitória, concedeu entrevista para A GAZETA, na qual garantiu ser inocente do crime.

Na época, 20 quilos mais magro, na expectativa de se ver livre das grades, disse que vivia “o pior dos seus pesadelos”, e que não havia razão para a acusação que lhe era imputada.

Durante a entrevista, o rapaz, então com 28 anos, admitia que, mesmo inocentado, nunca mais poderia atuar numa sala de aula, pelo forte estigma que a acusação lhe causara .

“Tinha oito turmas, com crianças de 3 a 8 anos, além de três do ensino fundamental, de primeiro, segundo e terceiro anos, e a escolinha de futsal. Sempre fui uma pessoa educada, carinhosa. Era tudo normal, saudável”, disse ele, garantindo que estagiárias acompanham seu trabalho com as crianças mais novas, e que essas estagiárias “ficavam circulando o tempo todo”.

Para ele, tudo decorreu do “despreparo de pais, que não souberam conversar adequadamente com seus filhos”. E também teria havido “uma maldade muito grande”.

O caso

Abuso

Suspeita
Alunos de 3 a 5 anos, segundo seus pais, relataram, em outubro de 2011, ter sofrido abuso praticado pelo professor numa escola particular de Vila Velha.

Denúncia

Laudos
Segundo o Ministério Público Estadual, além dos depoimentos, laudos de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos confirmaram os abusos.

Prisão

Negativa
O professor foi preso em 3 de março de 2012, e negou as acusações.

Condenado
Em novembro de 2012, ele foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão.

Recurso

Inocentado
A defesa recorreu, alegando inocência do professor. Ontem, desembargadores decidiram: não havia provas para a condenação.

– Cláudia Feliz, “Professor acusado de abuso em escola de Vila Velha é inocentado”, Gazeta Online, 4.12.2013. http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2013/12/noticias/cidades/1470767-professor-acusado-de-abuso-em-escola-de-vila-velha-e-inocentado.html

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