“Proibir palavras ditas ‘machistas’ não muda em nada opressão a mulheres.”


Fonte:   https://7uvw.xyz/ladodireitodaequidade/pco/proibir-palavras-ditas-machistas-muda-opressao-mulheres/  

– Natália Pimenta, Aline Toledo, Perci Marrara e Laura Gontijo, feministas marxistas, PCO (Partido da Causa Operária), 2013.


PCO: “Como marxistas, materialistas dialéticos, não acreditamos no poder transformador das ideias sobre a realidade. Não são as ideias que transformam a realidade, mas sim a realidade que transforma as ideias. Isso significa que por mais que se impeça as pessoas de expressarem seu machismo, de usarem termos machistas; por mais que se elimine do vocabulário palavras consideradas machistas ou se obrigue o uso de “@”, “x” etc. a situação de opressão da mulher não vai mudar um milímetro sequer. Isso porque essas medidas visam a combater o machismo principalmente no âmbito da linguagem e essa está situada no âmbito das ideias; é uma forma de expressar ideias. A linguagem não cria uma realidade. Ao contrário, a realidade é que determina a nossa linguagem e só a mudança da realidade pode modificá-la. O vocabulário contribui sim para a situação de opressão em que vive a mulher, mas é apenas uma parte menor dessa opressão, sendo impossível mudar sua situação por meio da mudança da linguagem, já que essa é apenas uma expressão da vida social e uma das muitas expressões da opressão da mulher.

Mais ainda, a tentativa de mudar a linguagem é, como todos sabem, uma operação política imperialista e tem como base a pura e simples hipocrisia. Nos países imperialistas, desenvolveu-se a ideia de que não se deve referir-se negativamente aos países atrasados, colonizados e oprimidos. O objetivo disso é duplo, de um lado facilitar a cooptação de camadas mais altas desses países para a política imperialista, por outro lado, acalmar a permanente revolta contra a espoliação e o roubo que o imperialismo pratica contra esses países.

Como agem nossas “feministas”? Elas querem eliminar todo e qualquer vocabulário e expressão que consideram negativo para mulher, um procedimento que tem muito de relativo, arbitrário e subjetivo. Do ponto de vista puramente da expressão quem haverá de determinar o que é e o que não é efetivamente um comentário negativo, salvo alguns casos consensuais? Para alguns, utilizar a expressão “povo brasileiro” para se referir ao conjunto da população seria “machismo” e, ao mesmo tempo, um opressor da mulher, que lutaria contra os direitos reais e materiais da mulher, pode utilizar-se e se utiliza, de fato, da expressão “brasileiros e brasileiras” (por ex. José Sarney) sem alterar em nada a sua luta contra as mulheres. O ganho reduz-se a aparência e demagogia e cria a ideia de que há um progresso na luta das mulheres que não existe em absoluto.”

– Natália Pimenta, Aline Toledo, Perci Marrara e Laura Gontijo, “Em que consiste a luta da mulher”, Jornal da USP Livre, 23.04.2013. http://usplivre.org.br/2013/04/23/em-que-consiste-a-luta-da-mulher/

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