“Tantos homens quantas mulheres são vítimas de violência conjugal, mas só um tem abrigo.”


Fonte:   http://7uvw.xyz/ladodireitodaequidade/svjetlana-mlinarevic/tantos-homens-quantas-mulheres-vitimas-violencia-conjugal-abrigo/  

– Svjetlana Mlinarevic, jornalista canadense, 2013.


Svjetlana Mlinarevic:
Enquanto muitas pessoas estão conscientes de alguns abusos que as mulheres sofrem com a violência doméstica, talvez não tão conhecida é a violência que homens passam com este mesmo tipo de abuso.

Desde que o comitê de “Portage la Prarie Vida Real Masculina” colocou seu cartaz na Câmara Municipal, o “Centro de Prevenção Familiar de Abuso” de Portage recebeu algumas ligações com homens perguntando ondem poderiam ir em caso de abuso da cônjuge.

Isto confirma que em Portage é necessário mais serviços e mais conhecimento sobre o que se passa na comunidade, diz Joyce Schrader, diretora executiva do Centro. Embora este centro oferece recursos e facilite os homem a encarar o abuso doméstico e familiar, atualmente, não há centros especializados para estes homens irem em Portage. Schrader diz que o Centro irá conduzir homens para organizações em centros urbanos maiores.

Uma organização para homens abusados em Winnipeg é o Centro de Recursos Masculino. “Eu penso que organizações para atendimento masculino de abuso são necessárias em áreas rurais e nas comunidades do norte (Manitoba)”, diz Suhad Bisharat, diretora executiva deste Centro. “No momento, nosso programa aceita homens de todo Manitoba e estamos aptos a trabalhar com eles e prover serviços de abrigo emergencial.” Bisharat enfatiza que o destratamento que homens passam no lar são os mesmo que passam as mulheres em violência familiar ou doméstica, mas o seu relato é desproporcional.

“Muitas vezes você vai encontrar que é mais difícil para o homem relatar estes fatos, comparado a mulheres, e uma razão é que o homem pensa que ele é o provedor e protetor da família, sendo assim, é bastante improvável que o homem se veja como uma vítima. Muitos homens só procuram ajuda quando se deparam em uma situação extremamente severa.”

De acordo com pesquisas estatísticas do Canada (1999), proporções quase iguais de homens e mulheres têm sido vítimas de intimidação física e abusos psicológicos por parte de seus cônjuges. O estudo apurou também que ao mesmo tempo que os homens reportam menos casos perpetrados e menos sofridos do que aqueles que ocorrem, as mulheres reportam menos abusos à medida que a sua idade e educação aumentam.

Na pesquisa, 11.607 homens, com idade a partir de 15 anos foram questionados, e 7% relataram sofrer abuso durante os 5 anos anteriores ao menos uma vez, comparado a 8% para o caso de mulheres. Também foi evidenciado que o abuso não era algo eventual, isolado, com 54% das vítimas homens relatando sofrer mais do que uma vez a violência e 13% mais de 10 vezes. 35% dos homens abusados relataram sofrer ferimentos físicos e 39% precisaram de cuidados médicos.

A quantidade de homens que procura os abrigos aumenta a cada dia, diz Bisharat. “A razão para isto é a consciência pública do problema e os centros são um espaço aberto para acolhe-los.”

A faixa etária para homens atendidos varia de 20 aos 60 anos. A violência doméstica não reconhece idade ou etnia, ela ataca todas as pessoas. Em 2012 o Centro da diretora Bisharat abrigou 67 homens e 21 crianças. A diretora ainda ressalva que não somente as pessoas e a sociedade devem reconhecer este problema, mas também a polícia.

“A 1ª coisa que eu ensinaria para a polícia ou pessoas com o sistema de justiça, é ouvir o homem antes de tomar uma posição em cada caso. É preciso ouvir os homens da mesma maneira que as mulheres têm sido ouvidas”, diz ela. É bastante difícil para os homens virem até nós e dizerem que foram abusados.

Você pode ter sofrido abuso ou violência doméstica se seu cônjuge/cônjuge:

  • te xinga, ofende ou te humilha,
  • impede você de trabalhar ou estudar
  • proíbe você de ver seus familiares e amigos
  • tenta controlar como você gasta dinheiro, onde você vai ou o que veste
  • age com ciúmes ou possessivo(a) ou constantemente acusa você de ser infiel
  • fica com raiva quando consome álcool ou drogas
  • te ameaça com violência ou armas
  • bate, chuta, empurra, estrangula ou machuca você, seus filhos ou seus animais
  • te agride enquanto você dorme, ou quando você bebeu ou não está prestando atenção nas diferenças de força entre vocês
  • força você a fazer sexo ou ter contato sexual contra sua vontade
  • te acusa de ser a causa da sua violência, ou diz que você a merece
  • diz que a violência é mútua ou consensual

Se você é gay, bissexual ou transgênero, você pode estar sendo vítima de violência doméstica se você está se relacionando com uma pessoa que:

  • ameaça contar aos teus parentes, amigos, colegas ou membros da tua comunidade sobre a tua orientação sexual ou identidade de gênero
  • te diz que as autoridades não ajudam gay, bissexual ou transgênero
  • te diz que se deixar o relacionamento, você está admitindo que ser gay, bissexual ou transgênero é errado
  • justifica agressão dizendo que você não é gay, bissexual ou transgênero de verdade
  • diz que homens são naturalmente violentos
– Svjetlana Mlinarevic, “Male victims of domestic violence still under reported”, Portage Daily Graphic, 25.11.2013. http://www.portagedailygraphic.com/2013/11/25/awareness-of-men-and-domestic-violence-still-under-reported

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