Pressionado por feministas, cinema cancela filme sobre movimento pelos direitos dos homens


Fonte:   http://bit.ly/2fsQjdL  

– Austrália, 2016.

Segundo leio, esta semana houve nova polêmica do outro lado do mundo. Vou tentar resumir a história, embora seja uma tarefa difícil, já que o caso é complexo e delirante, como costuma ser a maioria das polêmicas que me chama a atenção na internet. O que aconteceu foi isto: tropas do feminismo marcharam contra o lançamento do documentário de uma diretora feminista. Houve protestos, abaixo-assinados e relinchos porque o filme The Red Pill, de Cassie Jaye — veja só —, optou por uma abordagem imparcial, quando deveria atacar a chamada “cultura machista”.

A tropa não gostou da ideia de um documentário que busca ouvir tanto as feministas quanto os líderes do MRM (Men’s Rights Movement). E o Kino Cinemas, de Melbourne, pressionado, optou por cancelar a estreia do filme.

Uma coisa é um documentário tendencioso que escolhe entrevistar as pessoas mais razoáveis de um lado e os mais tantãs de outro. Outra, bem diferente, é um documentário imparcial que busca ouvir todos os pontos de vista. Quando surge uma aberração neutra dessas, a solução encontrada no meio é o banimento do filme. Na cabeça dessa gente, a imparcialidade degrada as mulheres.

Acontece que o movimento não silenciou o filme por descumprir alguma lei, ou mesmo por motivos estéticos. Silenciou por não seguir agenda nenhuma. O principal crime da diretora — feminista e que já havia feito um documentário sobre as dificuldades das mães solteiras (Daddy I Do) e sobre o casamento gay (The Right to Love) — foi decepcionar a comunidade, dando voz aos homens do MRM. Mostrar o que eles pensam, com imparcialidade, é um insulto ao feminismo.

O gesto revela a contradição de quem deveria propor a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Além de ser um erro estratégico. Petições online e censura são, como sabemos, ótimos para o marketing de um filme: na ânsia de banir o documentário, acaba chamando a atenção de toda a mídia. O caso de Cassie Jaye foi parar em jornais como o The Guardian, The Telegraph, LA Times e outros. Fosse eu líder de um desses movimentos, jamais faria propaganda de graça de algo que me ofendesse assim.

– Guy Franco, “Pressionado pelo movimento feminista, cinema cancela exibição de filme de diretora feminista”, 29.10.2016. http://bit.ly/2eICHJV

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