
– Jessica Hopper, autora estadunidense, 2012.
Quando eu era jovem, talvez 10 ou 12 ou 15, eu costumava dizer que eu odiava homens. E odiava mesmo. Meu feminismo nasceu da raiva, deles e de um mundo em que eles pareciam poderosos demais e felizes em tirar proveito da impotência de outras pessoas. Em seguida na minha ira feminista estavam as mulheres que difícilcutavam para outras mulheres, dando-se para os homens, usando seus olhares e apelo sexual para ganhar um pedaço desse poder.
Quando mais velha, eu continuei a condenar as mulheres por serem “cúmplice.” Eu condenava de acordo com a minha definição do que é ser uma mulher com uma vida plena significava. Condenava mães que eram “apenas” donas de casa. Condenava mulheres que se casaram jovens. Condenava meninas que eu sabia que não tinham atividades próprias e passavam o tempo todas ao redor de assistir meninos jogarem videogame. Eu pensei que desde que o feminismo tinha escurraçado o patriarcado, cada mulher tinha que estar se esforçando e lutando e aspirando, e ser uma feminista radical significava que você tinha que estar na linha de frente dos protestos, fazendo defesa clínica e dando a seus amigos do sexo masculino a intimidação pública se fizessem alguma observação que fosse menos que politicamente correta. Eu usei o feminismo como um parâmetro para medir constantemente se todo mundo estava certo ou errado. E na maioria das vezes, eles estavam errados.
Para mim, a única verdadeira maneira de ser feminista era para estar sempre lutando. … A coisa de estar sempre lutando e ter uma ideologia que está enraizada na raiva é que ele é incrivelmente cansativa. Você se sente constantemente vulnerável, sempre pronta para um ataque defensivo. Ser` essa pessoa não é muito divertido, e não é particularmente agradável estar ao redor.
Cerca de oito anos atrás, depois que eu tinha estado numa fase bell hooks, tinha lido quase todos os seus livros antigos, eu comecei a pegar os seus novos. Ela tinha acabado de lançar A determinação de Mudar: Homens, Masculinidade, e Amor. Havia uma linha no final da introdução, onde ela escreveu sobre inconscientemente desejar que todos os homens morressem, a fim de se sentir como as mulheres poderiam viver uma vida livre. A linha me tirou o fôlego. E eu comecei a chorar. Eu tinha passado tanto tempo e energia reforçando essa idéia na minha cabeça que os homens eram meus inimigos, e isso me fez tão amarga e desconfiada deles e de qualquer mulher que eu achasse que estava “do seu lado.” Eu tinha tanta dor enroscada na minha política. Eu sabia que não poderia continuar assim por mais tempo.
– Jessica Hopper, “This Is How It Feels to Be Free”, Rookie Magazine, 7.13.2012. http://bit.ly/2bgGAp6
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