“Há mais casos de homens vítimas de violência doméstica do que se imagina e em diversas classes sociais.”


Fonte:   http://bit.ly/29npakM  

– Dr. Joaquim Maria Quintino Aires, Depto de Psicologia, Moscow State University, 2016.

Até dou 100 mil [euros] a cada um. Eu nunca mais vejo a hora de ele ir com o c…”, é uma das afirmações que Fernanda terá feito e que foram gravadas em Abril de 2013, conforme conta o “Correio da Manhã” (“CM”). A mulher quis contratar dois homens para lhe matarem o marido, de quem estava separada. Assim, ela e os dois filhos poderiam receber uma herança avultada. Prometia dar aos contratados 100 mil euros e mais 75 mil a quem os ajudasse. Deu as indicações e, pelo caminho, encomendou também a morte da sogra e da nova mulher do marido. A trama só não se deu porque um dos homens contratados a filmou e denunciou o caso às autoridades.

Eles não se queixam
A violência doméstica é o tipo de crime que mais tem crescido em Portugal. No ano transacto, morreram 29 mulheres. Mas também há homens que sofrem com este crime. Em 73% dos casos em que eles são vítimas de violência doméstica, não houve lugar a denúncias às autoridades. Por vergonha, eles não se queixam. Apenas 8,1% dos homens agredidos foram ao serviço de urgência receber cuidados médicos.

Tiveram relações sexuais e depois ela matou-o
Em 2015, o Supremo Tribunal de Justiça manteve a condenação a 20 anos de cadeia para a Maria Ribeiro (49 anos), por esta ter assassinado o marido com um tiro na cabeça. Maria atraiu-o a um apartamento no Porto, onde tiveram relações sexuais, e, de seguida, deu-lhe um tiro. O cadáver foi deixado nu e em cima da cama. Ela regressou a casa, em Alvarães, Viana do Castelo, e durante vários dias disse à família estar em pânico com o desaparecimento do marido. Depois, foi presa, julgada e condenada.

Quem são elas
Quando as vítimas (eles) apresentam lesões físicas, metade são contusões localizadas nos membros superiores e na face. Apenas 2% ficaram com sequelas físicas permanentes. As agressoras têm em média 38 anos. Trinta% apresentaram histórias de consumo de substâncias, 63,9% eram casadas e apenas 3,9% eram namoradas. Sessenta e quatro% das agressoras coabitavam com a vítima há anos (entre um a 15 anos). Quarenta e oito% estavam separadas há pelo menos um ano.

Comprimidos e asfixia
Em Outubro de 2014, Marlene, 37 anos, também foi condenada a 20 anos de prisão. Drogou o marido ao colocar comprimidos na comida e depois asfixiou-o. Ela e o amante embrulharam o corpo num saco-cama e levaram-no de carro. Depois, queimaram o corpo e atiraram-no por uma ribanceira da Estrada da Marginal (EN 108), em Atães, Gondomar. A mulher queria acabar com o seu casamento sem ter de pedir o divórcio e enfrentar uma luta pelo poder paternal da filha, de 11 anos.

Silêncio e vergonha
Eles, em silêncio, sujeitam-se à humilhação e ao insulto. São uma percentagem muito elevada e muito difícil de identificar nos homens. “Há mais casos de homens vítimas de violência doméstica do que se imagina e em diversas classes sociais. A baixa auto-estima e a vergonha empurram-nos, por vezes, para estados depressivos. A vergonha, a profissão, os filhos, a sociedade, a família e os bens patrimoniais são os argumentos que eles consideram para não se separarem e não denunciarem às autoridades”, explicou à tvmais Quintino Aires, professor de Psicologia Clínica.

Quando são eles as vítimas
Cerca de 61,5% dos homens agredidos em ambiente de violência doméstica eram casados e 16,7% divorciados. Treze% estavam desempregados no momento da agressão. Em 220 dos casos havia consumos de álcool ou drogas e 5,9% apresentava distúrbios psiquiátricos. Quarenta e cinco% dos homens já tinham sido agredidos ou abusados em criança. Os dados são de um estudo a que a tvmais teve acesso, realizado no Instituto Nacional de Medicina Legal em Lisboa, entre 2007 e 2010. No universo das 5250 vítimas de violência doméstica avaliadas, 18% eram homens.

“Eu amava o meu marido!”
Maria das Dores condenada a 23 anos de cadeia por ter encomendado a morte do seu próprio marido, disse em tribunal: “Eu amava o meu marido”. Pensava receber um milhão e meio de euros do seguro. Casada em segundas núpcias com Paulo Cruz, recusou-lhe o divórcio e mandou matá-lo. Contratou dois homens e dirigiu o crime até ao detalhe. Quis a sorte grande, mas saiu-lhe a terminação. Foi presa, condenada e reduzida a uma reforma de 800 euros. As broncas na prisão com Maria das Dores são diversas. É altiva e manipuladora. Fontes prisionais garantem à tvmais que a sua capacidade de seduzir já fez das suas, quer em Tires quer em Caxias.

– Hernâni Carvalho, “Mulheres que mandam matar os maridos”, tv mais, 22.01.2016. http://bit.ly/1XeRHy8

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