“Sexo entre adultos e crianças não é violência. É more caso ‘moral’.”


Fonte:   http://bit.ly/25rf91v  

– Simone de Beauvoir, 1977.

"Sexo entre adultos e crianças não é violência. É more caso 'moral'."

“Em 27, 28 e 29 de Janeiro, no Tribunal de Yvelines Assize serão julgados por atentado ao pudor sem violência sobre menores de quinze anos Dejager Bernard, Jean-Claude e Jean Gallien Burckhardt. Presos no outono de 1973, já ficaram mais de três anos sob custódia. Só Bernard Dejager recentemente teve foi beneficiado pelo princípio de presunção de inocência. Uma tão longa prisão preventiva para investigar um mero caso”moral” onde as crianças não foram vítimas de qualquer tipo de violência, mas sim, como esclareceram aos juízes, que eles haviam consentido (embora a justiça atualmente lhes nega qualquer direito de consentir), uma longa prisão preventiva já parece escandaloso. Hoje, correm o risco de serem condenados a uma grave pena de prisão por terem ou tido relações sexuais com esses menores, rapazes e raparigas, ou por os terem estimulado a fotografarem seus jogos sexuais.

Consideramos que existe uma clara desproporção se de um lado a qualificação de “crime” que justifica tal gravidade e a natureza das acusações; e de outro, a natureza obsoleta da lei e da realidade cotidiana de uma sociedade que tende a reconhecer em crianças e adolescentes a existência de uma vida sexual (se uma menina de treze anos de idade tem direito a pílula, é para quê então?) O direito francês contradiz-se quando reconhece discernimento em um menor de treze ou catorze anos suficiente para que possa julgá-lo e condená-lo, mas lhes nega a mesma capacidade quando se trata de sua vida afetiva e sexual. Três anos de prisão para carícias e beijos bastam. Não vemos por quê, em 29 de janeiro, Dejager, Gallien e Burckhart não devam estar libertos.”


“Les 27, 28 et 29 janvier, devant la cour d’assises des Yvelines vont comparaître pour attentat à la pudeur sans violence sur des mineurs de quinze ans, Bernard Dejager, Jean-Claude Gallien et Jean Burckardt, qui, arrêtés à l’automne 1973 sont déjà restés plus de trois ans en détention provisoire. Seul Bernard Dejager a récemment bénéficie du principe de liberté des inculpés. Une si longue détention préventive pour instruire une simple affaire de “moeurs ” où les enfants n’ont pas été victimes de la moindre violence, mais, au contraire, ont précisé aux juges d’instruction qu’ils étaient consentants (quoique la justice leur dénie actuellement tout droit au consentement), une si longue détention préventive nous parait déjà scandaleuse. Aujourd’hui, ils risquent d’être condamnés à une grave peine de réclusion criminelle soit pour avoir eu des relations sexuelles avec ces mineurs, garçons et filles, soit pour avoir favorisé et photographié leurs jeux sexuels.

Nous considérons qu’il y a une disproportion manifeste d’une part, entre la qualification de “crime” qui justifie une telle sévérité, et la nature des faits reprochés; d’autre part, entre la caractère désuet de la loi et la réalité quotidienne d’une société qui tend à reconnaître chez les enfants et les adolescents l’existence d’une vie sexuelle (si une fille de treize ans a droit à la pilule, c’est pour quoi faire?) La loi française se contredit lorsqu’elle reconnaît une capacité de discernement d’un mineur de treize ou quatorze ans qu’elle peut juger et condamner, alors qu’elle lui refuse cette capacité quand il s’agit de sa Vie affective et sexuelle. Trois ans de prison pour des caresses et des baisers, cela suffit. Nous ne comprendrions pas que le 29 janvier Dejager, Gallien et Burckhart ne retrouvent pas la liberté.”

– Simone de Beauvoir et al, Petição Pública, Le Monde, 26.01.1977. Original: http://bit.ly/25rf91y

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