“Mais mulheres que homens são absolvidas por assassinar seus cônjuges. É mais socialmente aceito.”


Fonte:   http://bit.ly/1QaImQx  

– Dra. Simone Alvim, co-autora de Homens, Mulheres e Violência (2004) e co-diretora do documentário Em fim, Sós (2016), 2005.

“No âmbito das relações conjugais violentas, dois importantes trabalhos brasileiros analisaram assassinatos cometidos pelas mulheres contra seus parceiros (ALMEIDA, 2001; CORRÊA, 1983). Almeida (2001) afirma que as mulheres de sua amostra agiram pelos mais variados motivos (rixas com inimigos, vinganças e envolvimento com drogas e álcool), e não somente por ciúmes e maus-tratos dos companheiros, conforme afirmam os operadores do direito. Mesmo sendo o sujeito principal do ambiente doméstico, geralmente associado a relações amistosas e proteção, a mulher não está imune ao envolvimento em ações criminosas (ALMEIDA, 2001). Corrêa (1983) observou que na maioria dos casos em que homens mataram suas esposas, eles alegavam defesa da honra. Quando a mulher era a autora do crime contra o companheiro, a justificativa era a defesa própria, colocando-se na condição de vítima, não apenas no momento do crime mas ao longo de suas vidas, com testemunhos convincentes sobre o quanto suas vidas eram ruins. A autora também observou que em todos os casos em que as mulheres eram as autoras, uma justificativa comum era a de que os proventos disponibilizados pelo companheiro eram insuficientes para o sustento do lar. Corrêa (1983) verificou ainda que o número de absolvições foi maior para as mulheres do que para os homens, principalmente porque o sistema judiciário estava organizado de modo a manter/reproduzir os conceitos relacionados aos papéis sexuais, demarcados na sociedade. Por se considerar que os homens são potencialmente mais fortes e mais agressivos, parece ser socialmente mais aceitável uma mulher agredir seu parceiro, amparada pelas teses de autodefesa.”

– Simone Ferreira Alvim e Lídio de Souza, “Violência Conjugal em uma Perspectiva Relacional: Homens e Mulheres Agredidos/Agressores”, Psicologia: Teoria e Prática, 7(2): 171-206, 2005. Original: http://bit.ly/23zCa1m

 

Comentários