"A Marcha das Vadias se tornou um grande espetáculo de circo."


Fonte:   http://bit.ly/1S7mUNW  

, ex-líder do Femen Brasil e autora de Vadia, Não!.

"A Marcha das Vadias se tornou um grande espetáculo de circo."

FEMINISTAS, PAREM DE CHAMAR AS MULHERES DE VADIAS

A Marcha das Vadias surgiu em 2011 na Universidade de Toronto, no Canadá, logo após um policial convidado para uma palestra sobre violência contra as mulheres no campus dizer que a solução contra os estupros seria as alunas não mais se vestirem como “vadias”.

Em resposta à gafe machista do tal policial, as alunas organizaram então a “Marcha das Vadias”. O nome fez sentido APENAS naquela ocasião e NAQUELE CONTEXTO.

Por anos e anos temos sido chamadas “vadia”.
Beijamos aquele rapaz, somos vadia.
Não quisemos beijar aquele rapaz, somos vadia.
Colocamos um vestido de tal jeito, somos vadia.
Apanhamos do marido e não tivemos coragem de denunciar, somos vadia.
Apanhamos e denunciamos, somos vadia.

Então PORQUÊ diabos escolher uma palavra tão horrível pra representar um estado de LIBERDADE da mulher?

Porque não “Marcha das Mulheres”, “Marcha pela liberdade das mulheres”, “Marcha contra violência à mulher”???

Quando se fala em Marcha das Vadias, o nome já faz tamanho estrago que ao invés de incentivar as pessoas a conhecer a proposta, acaba afastando até mesmo outras mulheres que poderiam vir a se interessar.

Não nós queremos ser vadias, não queremos ser chamadas ou mesmo nos autodenominarmos vadias.

Nós não querermos ser representadas por pessoas que escrevem “vadia” no peito e saem gritando “eu sou passiva, e meto bala, se tapar meu cu com sua bíblia em meto bala”.

E NÃO, nós definitivamente NÃO queremos ver, participar ou sermos responsáveis por integrarmos uma marcha onde pessoas introduzem crucifixos no ânus.

A Marcha das Vadias não é mais um espaço para mulheres se unirem e gritarem pelo fim da violência contra a mulher. Nessa última marcha do RJ que aconteceu neste fim de semana, eu pude observar através de fotos duas meninas vestindo burcas transparentes, estavam nuas sob a vestimenta, apenas querendo chamar atenção e ignorando o fato do tamanho desrespeito com a religião muçulmana que elas protagonizaram.

A Marcha das Vadias se tornou um grande espetáculo de circo, onde a violência contra a mulher se tornou uma pauta esquecida e apenas ouvimos gritos sobre travestis, sobre “mulher com pau” (aff, me poupe disso) e aborto, aborto, aborto, aborto. Devia se chamar Marcha do Aborto. Não se vê UMA placa contra pedofilia, UMA placa contra violência obstétrica, UMA placa contra exploração sexual.

No mais, “Rodada”, “vadia”, “puta vagabunda”.. não devem tentar subverter essas palavras para empoderamento, pois há séculos são usadas para nos desmoralizar, humilhar e categorizar. devem lutar para que essas palavras sejam ABOLIDAS como adjetivo de mulheres.

Parecem que elas querem sempre seguir pelo caminho mais fácil e divertido, deixa eu falar um negócio: LUTA, EMPODERAMENTO, MUDAR A SOCIEDADE, nadaaa disso é fácil, A-COR-DEM.

EU NÃO SOU VADIA, MINHA MÃE NÃO É VADIA, A VIZINHA NÃO É VADIA, A MOÇA DO OUTRO LADO DA TELA LENDO NÃO É VADIA, nós somos mulheres e queremos o fim da violência contra nós, essa é a principal pauta!

A MARCHA DAS VADIAS NÃO ME REPRESENTA!

Se você também tá cheio dessa picuinha feminista, eu te convido a conhecer o Movimento Pró Mulher, que tem como objetivo unir mulheres de todas as etnias, classes, crenças e alinhamentos políticos para lutarmos pelo fim da violência contra a mulher.

http://bit.ly/1RhRF6s

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